Esta reviravolta do futebol sportinguista é tão inesperada, passa tanto do 8 para o 80, que já não restam dúvidas: Jesus apareceu a Carvalhal.
Mas antes de falarmos dos leões há que olhar um pouco para o FC Porto, definitivamente afastado, esta época, do estilo e da eficácia em campo que conhecemos nos últimos anos.
O que vimos em Alvalade foi uma equipa abalada por um golo a abrir, por um segundo a fechar a primeira parte e por um terceiro golo mal o árbitro apitou para o reinício. E abalada ainda pela falta de Hulk e também pela de Fernando, abalada pela fraca combatividade, abalada pelas jogadas que não saíam, abalada por um conformismo que se desconhecia, abalada até, e trata-se do FC Porto!, pelos maus fígados dos seus jogadores, que por tudo discutiam com o árbitro e por nada se interpelavam uns aos outros.
Ou Pinto da Costa já não é o que era ou é o ciclo, brilhante, de Jesualdo Ferreira que poderá estar a chegar ao fim. Sim, porque o título morreu ontem, em Alvalade, às mãos de um leão ferido de morte e como tal perigoso. Ninguém, no seu perfeito juízo, acredita que os portistas possam recuperar, em 9 jornadas, nada menos de 17 pontos, 9 dos quais ao Benfica… apesar de o receber ainda no Dragão.
Quanto ao Sporting, que ganha dois jogos importantes em quatro dias, com 6-0 em golos, o que está nos “antípodas” das dececionantes sete partidas anteriores, tudo terá naturalmente passado pelos jogadores, que entenderam, e não era sem tempo, que não podiam continuar a sofrer goleadas como se fossem amadores.
Mas foi preciso convencê-los, ganhar a sua confiança, motivá-los para a vitória. E dar-lhes da magnífica condição física em que se encontram. E travar o deslumbramento de João Pereira, sentar Pongolle, acabar com os testes na defesa, reconstruir uma equipa. É verdade, Carvalhal reagiu à dureza das críticas com o poder da sua única arma: fez o trabalho.
Minuto 0, publicado na edição impressa de Record de 1 Março 2010