Mais de três milhões de
telespetadores viram esta semana, só na SIC, a final da Liga Europa entre
Benfica e Chelsea, a maior audiência do ano. Quando o menu do dia oferece
futebol e ainda por cima mete Benfica, não há cá telenovelas, nem casas com anormais,
nem pão para malucos: a bola comanda a vida.
No Arena de Amesterdão
estiveram cerca de 20 mil adeptos portugueses, uma mancha vermelha empolgante
que só não transportou os encarnados para a vitória porque os imponderáveis do
jogo, que são o seu trunfo, baralham a razão e desconhecem a vontade.
O que mais me impressionou,
antes do golo letal dos 90+3, foi o número dos que voaram de Lisboa para a
Holanda, uma viagem que, com tudo incluído, custou no mínimo 800 euros, mais
que o salário líquido de muitos dos que se endividaram para ir atrás do sonho.
Hoje, poucos lamentarão essa
aventura infeliz. O que se chora é a luz nas trevas que Portugal merecia e não
teve. Como se sobre nós pendesse uma condenação eterna e cruel. Já nem o
futebol nos devolve, por minutos que seja, o orgulho perdido.
Antena paranóica, publicado na edição impressa do Correio da Manhã de 18 maio 2013