Uma das piores tarefas que me poderiam atribuir hoje, se eu fosse repórter num canal de TV, seria o de uma reportagem de coisa nenhuma, tipo preço dos combustíveis, banhistas de inverno ou arroz de pato para turistas. Esperar-me-ia o desastre.
Mas para tudo, especialmente para o mais difícil, é preciso competência. E na última terça-feira, Dia dos Namorados, fui surpreendido, no “Extra” de “Let’s dance, vamos dançar” – programa da TVI que justifica a atenção dos telespectadores – por um excelente trabalho de Isabel Silva, um dos maiores jovens talentos da televisão portuguesa.
Pelo meio de imagens dos candidatos a dançarinos, fechados numa casa, a apresentadora lançou uma reportagem feita por si própria e em que tentava – ou simulava tentar, obviamente – encontrar, em plena rua, o amor da sua vida. O resultado foi um conjunto de situações originais, espontâneas, atrevidas sem cair no mau gosto e bastante divertidas, com uma sequência de “cromos” improvisados que um casting não reuniria de forma tão expressiva.
Com criatividade, Isabel Silva deu qualidade a uma reportagem de entretenimento puro, tão importante como as outras, as “sérias”, mas não mais fácil de produzir. Outros voos a aguardam, juraria.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 18FEV17
Isabel Silva: um talento extra
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