De volta a Gaspar. Com Slimani na CAN e conhecendo o Sporting a forte probabilidade de o argelino regressar fatigado ou mesmo lesionado, como veio a acontecer, nem assim se considerou estratégico encontrar um pinheirinho no mercado de janeiro. Ou melhor, considerar até deve ter-se considerado, só que tudo se resume, em Alvalade, à frase célebre de Vítor Gaspar: não há dinheiro.
Nem com o Arrentela. É certo que há Montero, um jogador precioso, de pés de veludo, postura positiva e forte espírito de equipa. Mas o colombiano não é um “9”, não conseguiria sê-lo nem a jogar contra o Arrentela quanto mais a defrontar o segundo classificado do Bundesbank e aquela massa imensa, de quase dois metros, que dá pelo nome de Naldo, um central que devia ser proibido de jogar ao pontapé – que fosse para a NBA, ora essa.
Tudo alemães. Eu escrevi Bundesbank? Peço desculpa, queria dizer Bundesliga, mas com esta coisa da Grécia, da troika e do Schürrle vai-me logo a cabeça aterrar na área do dinheirinho. Agora escrevi Schürrle? Helas! – voltem a perdoar-me, é uma confusão de alemães, eu queria referir, sim, era o ministro das Finanças da Merkel, o tal de Schäuble, essa simpatia que suscita a todos os portugueses o maior amor e carinho.
Fé em Mourinho. Estava a pensar no Schürrle, claro. Por acaso, até gosto do jogador e a minha fé assentava apenas na avaliação de José Mourinho: se o empandeirou de Stamford Bridge é porque o rapaz terá as suas diarreias. Aliás, Mou tinha antes despachado o De Bruyne e ontem percebeu-se porquê. O moço dribla e dribla, depois ausenta-se, e joga mais para o lado e menos para a frente, essa limitação clássica que já enviou para o limbo da bola milhões de bons futebolistas.
Réus prováveis. Todas as expectativas de uma noite má do Wolfsburgo – na primeira parte com um rendimento inferior ao que vimos ao Belenenses, no Restelo, no sábado – viriam a esboroar-se por obra e desgraça dos réus prováveis: os defesas leoninos. Generosos na entrega, hiperconcentrados nos 45 minutos iniciais, Oliveira, Tobias e companhia entraram aos papéis no segundo tempo, deixaram – de frente para a peça, ainda para mais – fugir o Bas Dost e sofreram o primeiro golo, logo aos 50 segundos. Um terramoto cruel. Sem poder de fogo na frente, era imperioso aguentar. Mas Dost voltaria a aparecer solto para fazer o 2-0.
Ai João, João. Com pouco Nani, muito Rui Patrício – e nenhum Bruno de Carvalho – os leões estiveram quase a trazer para Lisboa um encorajante 2-1, assim João Mário, aos 73 minutos, tivesse qualquer coisinha de Dost e metesse a bola na baliza. Como falhou, resta a fé de Marco Silva e a eterna Dona Esperança, fiel amiga.
Contracrónica, Record, 20FEV15
Havendo alemão há logo confusão
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