Finalmente, a etapa da Volta à França pela qual tanto tempo esperámos… Aquela em que alguns especialistas, nomeadamente espanhóis, claro, previam que Contador atacasse, e eis o super-homem a descolar dos rivais, a afundar-se no mítico Galibier – que antes subia com uma só perna – e a chegar em 15.º a quase 4 minutos do vencedor.
Não, não estou contra o campeão espanhol, pese as dúvidas que persistem quanto à sua vitória no Tour do ano passado. Aliás, ponho-me sempre do lado dos protagonistas, que arrastam multidões e fazem, com a paixão que nos transmitem, a glória do desporto.
Estou, sim, a favor do ciclismo, do equilíbrio de valores, da incerteza quanto aos triunfadores, do entusiasmo no acompanhamento dos grandes eventos. E Alberto Contador a transformar-se noutro Armstrong, a ganhar, sempre a ganhar, afastava-nos um pouco da emoção que só a dúvida e a competição cerrada podem proporcionar. Afinal, ele não é imbatível, também tem quebras, também “pedala para trás”.
Ontem, lá deu um espacinho aos outros, vamos lá gozar. Aproveitemos porque o homem volta.
Sprint curto, publicado na edição impressa de Record de 22 julho 2011