Alexandre Pais

Goucha, ficção e realidade

G

Avisei: o casal mais velho, composto por Ide e Jorge, bastaria para dar a vitória nas audiências a ‘O amor acontece’. Ao deitá-lo borda fora sem o substituir por um par igualmente cromático, a TVI afundou o ‘date show’. No serão de domingo, já perdeu para o ‘Agricultor’ da SIC, e nos diários é seu o terceiro lugar. Mais um ‘flop’.

Quem aproveitou a oferta foi ‘Goucha’, que venceu ‘Júlia’ com a entrevista ao septuagenário que a enfermeira brasileira deixou a falar sozinho, embora, no dia seguinte, o diálogo do comunicador com Ide tenha sido bem melhor.

Explico: em 1995, produzi para a RTP um dos primeiros ‘talk shows’ da TV portuguesa – ‘A minha vida dava um filme’. Para isso, formei a equipa de autores que criou as dezenas de histórias supostamente verídicas apresentadas por Isabel Wolmar. Não foi um trabalho simples, tivemos de dar asas à imaginação sem cair na tentação fácil de ‘voar’ rumo ao inverosímil.

Recordei esse tempo na expressão incrédula mas contida de Manuel Luís Goucha ao ouvir Jorge debitar o guião de uma vida de filme. Já a conversa com a empática e genuína Ide conduziu o entrevistador a outro patamar – e constituiu um grande, doloroso e comovente momento de televisão. Chapeau!

Antena paranoica, Correio da Manhã, 24jul21

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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