Comecei a ir à bola com o meu pai no início da década de 50 (ai, ai…), dei uns toques entre os 5 e os 55 anos, iniciei a atividade jornalística a trabalhar nos estádios, fiz comentários na rádio e na televisão, dirigi três jornais desportivos e terminarei o percurso profissional a escrever sobre futebol. Tudo isto para dizer que devo a minha vida aos maluquinhos como eu que não podem passar sem o velho “association”.
Sou, desse modo, o mais insuspeito dos críticos da autêntica avalancha informativa que o Europeu que ontem arrancou está a fazer desabar não só sobre as nossas alienadas cabecinhas, mas também sobre a daqueles que têm a desdita de desconhecer a beleza do futebol, sem que isso lhes retire o direito de ligarem o televisor para verem coisas diferentes, em canais que não sejam o Odisseia, o Disney e outros que tais.
A perseguição televisiva em direto, por parte dos maiores canais de informação, ao autocarro que transportou a comitiva da Seleção Nacional do hotel ao aeroporto da Portela – bem se sabendo que nada se passaria, entretanto – é esclarecedor dos gostos da atual maioria telespectadora e da ditadura que impõe. Por mim, veterano dessa guerra, ótimo. Mas os inocentes, Senhor, por que sofrem assim?
Antena paranoica, Correio da Manhã, 11JUN16
Futebol, o grande ditador
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