Estou de férias e não vejo TV, pelo que opto por uma reflexão sobre a nossa vida política, atividade condicionada pela capacidade – ou ausência dela – com que os protagonistas tentam dominar o monstro que é a televisão, que projeta uns e remete outros para o armário dos fracassos.
A forma como António Costa desfila pelos palcos nacionais e estrangeiros, o à vontade com que enfrenta as câmaras e o gozo com que deve olhar para os números das sondagens, resulta muito dos bons ventos que sopram para a economia e muito também da ineficácia dos seus adversários. E tanto parece errada a estratégia dura de Assunção Cristas, que critica a falta de chuva e o excesso de sol, como surge inadequado o espírito mole de Rui Rio – há pouco disfarçado com o recuo na Lei de Bases da Saúde –, o “112 de Costa”, como diz Marques Mendes.
O drama da oposição não está no verbo mas na empatia. Enquanto não encontrar uma personalidade que, com mais ou menos demagogia e maior ou menor razão, arrebate o país, não se safa. E em plena sesta coletiva, quanto mais se estranha a discrição tática de Luís Montenegro, melhor se vê nascer o dia em que Passos Coelho irá fazer a rodagem do carro à Figueira Foz – seja lá isso onde for.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 6jul19
Figueira da Foz
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