Escrevo esta crónica depois de ter demorado 60 minutos num percurso em que ainda há pouco tempo perdia 10. Tudo por causa dos estaleiros que Fernando Medina vai espalhando por Lisboa.
Calculará o leitor que eu esteja a ferver com o edil da capital. E estaria – como estive até à última noite de Santo António – se não tivesse assistido à maratona televisiva da RTP com as marchas populares a descer a Avenida. Medina passou horas a dar beijos e a abraçar conhecidos e desconhecidos representantes dos bairros, fazendo-o até ao fim, até de madrugada, mesmo quando os convidados o deixaram quase sozinho na tribuna. Mas o presidente da câmara não só aguentou a profusão de perdigotos e salamaleques, como desempenhou o seu papel com paciência infinita e um sorriso no rosto. Cumprida tamanha penitência, decidi não o colocar como alvo preferido do meu praguejar nos engarrafamentos dos próximos meses. Abre mais buracos, Fernando, que estás perdoado.
Uma nota final para a pobreza do direto da RTP. Telespectador que não visse o início de cada desfile, não sabia de que marcha se tratava, e muito menos quem eram os autores das músicas ou os padrinhos da coisa. Valeu-nos o José Carlos Malato porque o resto foi para esquecer.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 18JUN16
Fernando Medina está perdoado
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