Já não foi de ontem. O que mais espanta naquilo que começa a ser um penoso final de época é a incapacidade do FC Porto para manter, eu diria até para restaurar, tão evidente é a sua quebra, a famosa aura de disciplina interna, base da mentalidade de ferro que lhe proporcionou tantos êxitos.
Bruno Alves é um futebolista que aprecio, pela eficiência, determinação e entrega total ao jogo. Mas os sintomas de falta de estabilidade psicológica exibidos pelo capitão não deixam dúvidas sobre o que se passará igualmente com os outros jogadores e resultam na pálida imagem que, de si próprios, dão em campo.
Os sistemáticos insultos aos adversários e as entradas “a matar”, a roçar a agressão ou constituindo mesmo tentativas consumadas, que o central do FC Porto interpreta, a um ritmo que lhe será fatal com um árbitro de mais “pêlo na venta” do que Jorge Sousa, são o sinal de que graves problemas afetam hoje o balneário dos dragões. E pior, significam ainda, pelo seu arrastamento, que a implacável organização do futebol portista deixou de conseguir resolvê-los.
É a todos os que consideram ser esta “débacle” do FC Porto já um sinal de perda de qualidades por parte de Pinto da Costa que será preciso responder. A eternidade da juventude, ou a tentativa de a perseguir, que se manifesta pela intensidade do gosto pelas mulheres jovens e bonitas, ou tem um sucesso profissional correspondente ou acabará por nos cobrir de reumático e de ridículo.
Também estou velho e careca, conheço essa ameaça.
Passe curto, publicado na edição impressa de Record de 22 março 2010