Alexandre Pais

Faltam homens-golo a Benfica, Sporting e FC Porto

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Por estar ontem a caminho de Madrid para a habitual peregrinação ao Santiago Bernabéu, escrevi esta crónica há dois dias, na quinta-feira, pelo que corro o risco de perorar aqui sobre alguma coisa – ou tudo, seria o cúmulo! – que esteja hoje, sábado, já desatualizada. Ossos do ofício, quem anda à chuva molha-se ou azar dos Távoras. Como espera Fidel Castro da História, o leitor me absolverá.
O último dia de agosto ainda tarda, pelo que tudo se pode compor no plantel dos três principais candidatos ao título. O certo é que se verificam lacunas gritantes. Até no FC Porto, que foi o que mais investiu e melhor se reforçou – e isto de “reforços” tem que se lhe diga, não é uma mera troca de uns jogadores por outros – existe uma falha clamorosa na frente de ataque, pois não se vislumbra quem faça de Jackson, num patamar um pouquinho mais abaixo que seja, quando o colombiano não puder jogar. A avaliar por Benzema, solitário ponta de lança do Real Madrid, a escassez de “matadores” parece não ser motivo para grandes preocupações. Enfim, veremos no que dá, mas desconfio que não vá correr bem.
Com problema semelhante se debate o Benfica, uma vez que a partida de Rodrigo e de Cardozo deixou Lima como única solução de área e mesmo assim pouco fixa na zona da verdade. Mas os encarnados têm mais com que se preocupar e as tonitruantes contratações de Júlio César e Samaras não escondem a ameaça da saída de Enzo ou de Gaitán ou dos dois – essa visão dos infernos – para nem sequer valorizar o possível mas improvável adeus de Luisão, o que deixaria a defesa da Luz, que já perdeu Garay, estanque como um passador.
Pior estará o Sporting, que encontrou uma forma altamente positiva – nova vitória de Bruno de Carvalho – de despachar Rojo mas ficou agora, quando também perdeu Dier, com o eixo da defesa para reconstruir, um velho pesadelo que regressa e uma dor de cabeça acrescida para Marco Silva, sabendo-se que sem segurança na retaguarda não se constroem grandes equipas. Contratempo idêntico têm os leões na dianteira, pois se chegou Nani – mais um extremo – fica por resolver a questão do ponta de lança. Insistir com Montero nessa posição é perder tempo e se Slimani se for embora, então, a missão golo tornar-se-á impossível. Ou estarei enganado?
Canto direto, Record, 23AGO14

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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