Alexandre Pais

Esta crítica merece resposta

E

Caro Alexandre,

Antes de mais, peço desculpa por utilizar este espaço para lhe colocar uma questão, mas não encontrei os seus dados de contacto directo no site.

O meu nome é Nuno Romano e sou leitor assíduo do Record em papel e online. Gostaria de o questionar sobre a notícia relativa a Izmailov publicada hoje no Record: www.record.xl.pt/noticia.aspx.

Não encontro outra justificação para o que aqui é escrito senão um conjunto de palavras sopradas pela boca do empresário para o ouvido dos jornalistas. O que se chama uma notícia de encomenda. Sei que vai contestar estas palavras e contra-argumentar, mas, na verdade, não encontro na notícia factos que baseiem o que é escrito para além do interesse do empresário e o querer danificar a imagem das pessoas no activo no Sporting. Porque o “diz que disse” não são argumentos jornalísticos válidos, como sabe melhor do que eu.

Fico desiludido com o Record, era o único jornal que conseguia ler. Até consegui “sobreviver” à forma como o boato Vilas-Boas foi lançado recentemente, também sem apresentar factos fidedignos para inspirar a notícias. Mas hoje foi demais e tenho muita pena que assim seja.

Dado o estado das coisas, não vejo como o jornalismo desportivo possa libertar-se do rótulo de jornalismo menor e feito de “encomendas”. Sei que perder um leitor não é grave, muitos outros ávidos de desgraças serão ganhos.

Boa sorte, mesmo assim. Cumprimentos,

Nuno Romano

A MINHA RESPOSTA

O nível a que o leitor Nuno Romano coloca a sua carta, leva-me a responder-lhe, mesmo tendo em conta que:

1. Quem invoca ser “leitor assíduo” do Record (nos títulos com menos anos, a tática é “leitor desde o n.º 1”) para justificar as suas críticas, é muito provavelmente leitor sim, mas de jornais da concorrência, pelo que é tempo perdido rebatê-lo.

2. Quem termina a sua exposição dizendo, ou sugerindo, que vai deixar de ler o Record, dificilmente alterará a sua decisão, pelo que não vale a pena tentar demovê-lo.

É consciente destas probabilidades, e do facto de poder até não se chamar “Nuno Romano”, que lhe direi duas coisas muito simples:

1. Só não seria lógico ouvir o que o leitor julga ser o empresáro de Izmailov, se não ouvíssemos também, como fizemos, todas as outras partes interessadas no processo. Quem quis falar, falou. Quem “sopra” defende a sua dama, os seus interesses, e de “sopro” em “sopro” cada um vai formando a sua verdade e ficando mais próximo do que de facto aconteceu. Se estivéssemos à espera da “verdade oficial”, os leitores seriam os últimos a saber e a nossa missão é, ao contrário, fazer com que sejam os primeiros.

2. O mesmo se pode dizer quanto ao que considera “boato Villas-Boas” e à suposta “falta de factos fidedignos” para dar essa notícia. Em breve, o leitor verá que não se trata de qualquer boato e que Record deu a notícia de um facto fidedigno: Villa-Boas é o escolhido de Bettencourt para treinador do Sporting na próxima época. Mas lá está, como o clube de Alvalade não emitiu um comunicado anunciando essa escolha ao Mundo, Record devia tê-la escondido aos seus leitores? Não devia, escamotear notícias não é a nossa função.

O Nuno Romano tinha razão num ponto: contra-argumentei. E ainda noutro: perder um leitor não é grave. E tanto não é que, diz o Bareme da Marktest, Record tem hoje 858 mil leitores, a sua maior audiência de sempre.

Quanto ao resto, o Nuno não concorda, paciência, há outros jornais para ler, felizmente. O Record, com a atual direção, continuará a seguir esta linha editorial e, portanto, a desiludi-lo. Tenho pena, mas é a vida.

Obrigado por ter escrito e sorte, muita sorte, é o que lhe desejo também.

Alexandre Pais

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