Na “Quadratura do Círculo”, na SIC Notícias, Pacheco Pereira mostrou-se incomodado por ter ouvido, num canal de TV, um jornalista referir-se a Manuel Valls, primeiro-ministro francês, como “o socialista Manuel”. Compreende-se o reparo, embora ele revele que o comentador vê pouca televisão.
Nos últimos seis anos, tenho aqui repetido críticas ao estado a que chegou o jornalismo em Portugal, muito por culpa da classe, que deixou de se pautar por critérios de exigência. Mas igualmente pela proliferação de cursos demasiado teóricos e entregues, em alguns casos, a professores conhecidos pela sua fraca competência jornalística, e ainda por causa dos anos de crise, que impuseram às redações uma forte economia de meios, uma organização espartana e um ritmo de trabalho que impede os profissionais mais velhos de transmitirem aos mais novos o que é natural não terem, experiência e memória, e o que não lhes devia faltar, bom português e espírito de rigor.
Claro que a televisão expõe mais cruamente a realidade da asneira e só para dar também um exemplo, mais um, refiro uma legenda que há dias nos informava que o socialista António tomara posse “enquanto secretário-geral das Nações Unidas”. Dói, mas há que aguentar.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 17DEZ16
Enquanto socialista Manuel
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