O êxito do “Alta definição”, na SIC, cuja fórmula permite a Daniel Oliveira o distanciamento que faz dos entrevistados os efetivos protagonistas, leva a que outros comunicadores se atrevam a tentar a sua sorte no género. Foi o caso de Fátima Lopes, cuja popularidade a TVI aproveitou para lançar “Conta-me como és”.
A apresentadora, com o jeito peculiar que a distingue, criou uma espécie de clube de amigos, em que as entrevistas – que ela classifica de “intimistas” – se transformam em sessões de elogios mútuos, a que Fátima soma um dos seus trunfos: a capacidade de se emocionar com situações difíceis, que tempera com palavras doces e lágrimas abundantes, provavelmente sentidas.
“Conta-me como és” é, por isso, um programa piegas e onde o excessivo relevo dado às pernas a descoberto da entrevistadora – longas e bonitas, há que dizê-lo – retiram parte do foco à confraternização. Mas Fátima não tem de competir, nem pode, com o sentido jornalístico das conversas de Oliveira. Existe um público, e não será pequeno, para o seu modo mais ligeiro de fazer as coisas. E se é verdade que há quem não aprecie lamechices, também não falta quem prefira a claridade do que é simples. A diversidade faz a vida.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 30JUN18