1. Começamos por saudar a conquista do 25.º campeonato por parte do FC Porto, uma proeza que só é possível quando se tem a melhor equipa a dar o corpo ao manifesto e a estrutura mais sólida na retaguarda. Para além do título, há que realçar ainda o avanço esmagador – 16 pontos a cinco jornadas do fim é obra – e a regularidade impressionante: em 20 épocas, 14 ligas são dos portistas, três do Benfica, duas do Sporting e uma do Boavista. Só é pena que na hora do seu primeiro êxito, André Villas-Boas se tivesse preocupado tanto em apresentar a “fatura” aos que não acreditavam que o FC Porto fosse campeão nesta temporada. Isso seria o mais natural, numa altura em que o clube mudou de treinador e perdeu alguns dos seus melhores jogadores. Podia conseguir ou não. Mas o que vale o que dizem ou escrevem os comentadores? Pouco. Afinal, são simples previsões sujeitas ao teste da realidade. E a realidade é a que está à vista: os portistas ganharam porque são os melhores.
2. Não nos devemos impressionar demasiado com as cenas lamentáveis que alguns marginais – supostos adeptos do Benfica, mas em boa verdade simples baderneiros – protagonizaram ao enfrentar a Polícia à pedrada. Infelizmente, acontecem episódios semelhantes nos mais diversos pontos do Globo, do Iraque à mui nobre e invicta cidade, ou seja, em qualquer sítio onde os arruaceiros disponham de oportunidade para dar livre curso à selvajaria dos seus instintos. Mas não tenhamos ilusões: quando se apagam luzes e se ligam aspersores em sinal de falta de “fair play”, está-se na verdade a incentivar esses delinquentes a continuarem a delinquir.
3. O principal candidato derrotado à presidência do Sporting veio acusar o Record, nas próprias páginas do jornal e por vontade da sua direção, de diversas malfeitorias, em especial a de se ter deixado manipular pelo vencedor das eleições. Bruno de Carvalho pode dizer o que quiser que não muda o que aconteceu: 1. Fizemos um inquérito à boca das urnas, até determinada hora, e nesse inquérito a Lista C foi a que teve mais votos. 2. Acreditamos na seriedade das dezenas de escrutinadores do ato eleitoral leonino e por isso reconhecemos que falhámos na previsão do resultado final. Ninguém nos manipulou nem para concluir uma coisa, nem para a retificar. Record rege-se por princípios e tem apenas dois compromissos: com a verdade e com os leitores. Quando um jornal tiver medo de arrivistas, acabou.
Editorial, publicado na edição impressa de Record de 5 abril 2011