Alexandre Pais

Do respeito de Rui Vitória ao azar de José Peseiro

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O discurso ressabiado de Rui Vitória a exigir “respeito”, que ele vai repetindo de nenúfar em nenúfar, tem tudo para dar errado – porque afasta o foco do que realmente interessa e aguça o engenho dos que o criticam semana sim, semana sim. E faz com que engrosse o número dos que lhe rezam pela pele, talvez sonhando com o regresso de Jorge Jesus à Luz em janeiro.
Ainda há dez dias, depois do empate em Chaves, tudo parecia negro para Vitória, com AEK e FC Porto a surgirem como adamastores que dificilmente o Benfica dobraria – e teria de dobrar ambos para que a posição do treinador não abanasse outra vez. Pois isso aconteceu mesmo e enquanto às mensagens erráticas de Rui Vitória corresponderem bons resultados, os seus inimigos terão de recolher as garras e esperar por melhores dias.
Sábado louco, com Bayern e Real Madrid derrotados e em crise – esperada após as más escolhas que fizeram com os respetivos treinadores –, Marco Silva e Nuno Espírito Santo a triunfarem fora, e Mourinho a passar com distinção um teste difícil: a 20 minutos do fim, o MU perdia em casa (0-2) e acabou por ganhar (3-2) com uma reviravolta fantástica.
E se a velha estrela de Mourinho, intermitente embora, continua a brilhar, que dizer do ex-pé frio de Peseiro que venceu na Ucrânia igualmente com um final de jogo eletrizante? Terá ele afastado de vez a sua velha inimiga, a bruxa má dos últimos minutos? Hum… Veremos se a humilhante goleada de Portimão foi um acidente de percurso na empreitada de Alvalade ou se a bruxa mudou de tática e aposta antes em empurrar de novo o azarado para a porta de saída.
O Codecity FC, que um dia a comunicação social designará por Belenenses SAD, está apenas a um ponto da zona de descida. A uma equipa que joga fora jornada após jornada, porque essa foi a opção da estupidez, se calhar não é possível exigir mais – afinal, os seus adeptos são sempre em número inferior aos do adversário.
Demorará muito Gonçalo Guedes a compreender que ou trava o excesso de entusiasmo e doseia o esforço ou irá passar metade das épocas lesionado? Ontem, numa partida em que podia ter imposto todo o seu talento, contra um adversário do topo europeu… durou 10 minutos. E o mais certo é ficarmos sem ele na Seleção, bonito serviço.
A comunicação social espanhola dá uma atenção mínima às acusações que uma norte-americana faz a Cristiano Ronaldo. Por cá, vamos assistindo impávidos à destruição de uma das poucas marcas portuguesas de nível internacional. Uma vez que a senhora não quer o “violador” preso, mas apenas ser indemnizada, só espero que o jogador avance rapidamente com o milhão de euros que ela quer pelo suposto ultrage à honra – não acabou CR7 de pagar mais de 18 milhões ao fisco espanhol? – e encerre a questão antes que os prejuízos se tornem maiores e os danos reputacionais irreversíveis. Tudo o que se diga para além disto é perda de tempo e conversa para encher pneus.
A década de ouro de Cristiano e Messi acabou e a seguinte já não será exclusiva dos dois maiores jogadores do Mundo, o que não significa que o seu rendimento tenha diminuído. Os golos de ambos no fim de semana foram esclarecedores de uma capacidade que se mantém… muito acima da média.
O parágrafo final vai hoje para o voleibol e para a justa vitória (3-0) do Benfica na Supertaça. O confronto foi emocionante e o terceiro set (36-34) quase épico. O Sporting perdeu nos pormenores e eu fiquei preso a um de ouro: a extraordinária classe de Miguel Maia, que aos 47 anos (!) continua magnífico, com a sua superior leitura de jogo e precisão de passe. Chapeau!
Outra vez segunda-feira, Record, 8OUT18

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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