O Benfica conquistou merecidamente a Supertaça, depois de 30 minutos iniciais arrasadores e de um fecho brilhante da partida. Pelo meio, algumas aflições na defesa, com Jardel uns furos abaixo do que rendia e Bruno Varela a dar – nomeadamente no lance do golo vimaranense – sinais da sua inexperiência. Espero que este precoce lançamento às feras não estrague uma carreira tão prometedora. Como aqui antevi há pouco tempo, e não era difícil de adivinhar, Júlio César já ficou na enfermaria – pelo que não é solução fiável para a baliza – e Grimaldo não tardou também a meter baixa. Rui Vitória tem razão quando diz que a conversa é idêntica às de há um ano e há dois, mas o certo é que, exageros à parte, nunca antes o Benfica ficou sem três quintos da sua defesa. E nada existindo de mais esclarecedor que a realidade, essa viu-se em Aveiro: do meio campo para a frente a máquina continua mortal, mas atrás só mete medo a si própria.
Que estúpida ambição levou Neymar a deixar órfão o mais poderoso trio atacante da história do futebol? Ser finalmente o primeiro da equipa? Vestir a camisola número 10? Sair da sombra de Messi? Posso estar enganado, mas ao trocar o Barça por um emblema sem alma, ao abandonar uma liga trepidante por outra sem sal, e ao querer viver em Paris ao seu estilo excêntrico, saloio e excessivo, o craque brasileiro deu, desportivamente falando, um tiro no pé da sua carreira.
É minha convicção que qualquer profissão deve ser levada o mais a sério possível. Daí entender que durante um jogo é o treinador o único protagonista da área técnica. É ele quem fala, grita, protesta, arranca os cabelos ou dá pontapés nas garrafas da água. Aquele não é o espaço de afirmação do médico extrovertido ou do roupeiro brincalhão, nem palco para dirigentes, presidente incluído. Mas a verdade é que da personalidade de Bruno de Carvalho fazia parte a presença regular no banco de suplentes, onde jamais o vi sobrepor-se ao técnico ou de outra forma ultrapassar os limites das suas competências naquele lugar. Acho mal, por isso – mal para o Sporting, obviamente – que Bruno se tenha afastado de uma prática que era ao mesmo tempo um dos traços mais marcantes da sua forma de liderar. E não foi por acaso que Jorge Jesus já veio a público dizer que gostava de o ter no banco e que, por ele, nunca deixaria de lá estar. Bruno de Carvalho, se mudar de comportamentos, até pode vir a tornar-se num santo, mas não necessariamente num presidente melhor ou mais eficaz. Para o bem ou para o mal, somos o que somos.
Uma palavra final de saudação a um dos melhores colunistas de Record, Carlos Barbosa da Cruz, atacado por um pigmeu tão insignificante que se calhar o reputado advogado nem deu por isso. Mas eles andam lá por baixo, frustrados e a tentar espetar as lanças mais acima!
Outra vez segunda-feira, Record, 7AGO17
Da defesa do Benfica ao banco do Sporting
D