A ‘santinha da Ladeira’ sempre puxa por uma lágrima de crocodilo que faça jus à sua pretensão de bondade, mas Júlia Pinheiro e Manuel Luís Goucha, veteranos de guerra, enfrentam as histórias de desgraça que lhes cabem com a resistência dos bravos – são muitos anos de bombardeio e quem é profissional recorre a uma espécie de escudo antimísseis para se proteger. Maria Botelho Moniz e Cláudio Ramos, no ‘Dois às 10’, da TVI, fazem esse tirocínio, cedendo ainda, aqui e ali, ao peso das tragédias que diariamente lhes visitam o estúdio pela ‘boa causa’ das audiências.
Não é fácil e especialmente não é para todos. É o caso, por exemplo, da dupla da ‘Casa feliz’, da SIC, que sofre horrores ao ser colocada perante tantas situações terríveis. João Baião, de emoção fácil e coração de manteiga, em segundos fica com os olhos marejados e tem de ser socorrido pela sempre excelente Diana Chaves, ela também com dificuldades evidentes para se aguentar nas barras mais pesadas. Vemo-la muitas vezes quase sem reação, aflita na procura do que mais perguntar perante a crueza da realidade e a dor dos protagonistas que tem à frente.
Diana e João não mereciam aquela tortura: todos os dias, uma hora, uma casa infeliz.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 29out22
