Exmo. Sr. Director
No passado dia 2l de Maio de 2011, por alguma razão ainda desconhecida o vosso jornal decidiu publicar a notícia de que o actual vice-presidente e administrador da SAD do SCP-Sporting Clube de Portugal, se tinha demitido.
Não fosse esta assunção o suficientemente grave, o vosso jornal decidiu então garantir esta notícia baseada em informações que como sempre dizem ter. Posteriormente e durante toda a tarde a vossa edição on-line manteve como notícia principal a tal suposta “demissão”, estando só em letras mais pequenas em baixo e como notícia secundária a ratificação de tal “boato”.
Iníelizmente não posso dizer que a notícia me surpreende vindo de um jornal como o “Record”. A reputação que este jornal tem vindo a adquirir ao longo dos anos chegou ao ponto de que já conheça seguidores de futebol que estão “de relações cortadas com o vosso jornal”.
Nos últimos anos a qualidade do vosso jornalismo tem se vindo a denegrir ainda mais. Episódios como as eleições presidenciais no SCP-Sporting Clube de Portugal, em que dão como garantido um presidente baseado em inquéritos pessimamente feitos desde o ponto de vista estatístico, episódios como que no dia em que duas equipas portuguesas se qualificam para a final de uma Competição Europeia a capa do vosso jornal seja uma possível demissão de um treinador de nenhuma das equipas em questão; ou também episódios incontáveis de constantes “vendas” ou aquisições de jogadores que nunca se vêm a confirmar.
Não faço intenção de continuar com este assunto visto que não levará a lado nenhum, contudo a verdade é que o único jornal desportivo português que tinha ainda alguma credibilidade está a perdê-la. Não há desculpa para que este tipo de notícias saiam na comunicação social sem qualquer tipo de fundamento, com a única intenção de desestabilizar ou prejudicar o nome de uma Instituição ou individualidade.
Relembro-lhe que quando este tipo de notícias eventualmente saem em órgãos de comunicação, e posteriormente se vem a confirmar que erem infundadas publica-se então um pedido de desculpa, ou nos piores dos casos passa por assumir, numa notícia posterior, o erro que cometeram.
Muito obrigado, espero atentamente uma resposta.
Desejo-lhe uma melhor maneira de conduzir os acontecimentos no futuro.
António Brandão de Vasconcelos e João Bosco Olazabal
NOTA DA QUINTA DO CARECA
Uma carta escrita neste tom, crítico mas de alguma elegância, não pode ficar sem resposta. Até porque parte de algumas premissas habituais que distorcem a realidade. Vamos por partes:
1. Não fosse esta assunção o suficientemente grave, o vosso jornal decidiu então garantir esta notícia baseada em informações que como sempre dizem ter. Posteriormente e durante toda a tarde a vossa edição on-line manteve como notícia principal a tal suposta “demissão”, estando só em letras mais pequenas em baixo e como notícia secundária a ratificação de tal “boato”.
Não se tratou de um boato, mas de um facto: Duque anunciou a intenção de se demitir e só a capacidade de argumentação de Godinho Lopes o terá demovido. A notícia chegou ao Record através de fonte eventualmente interessada no processo. Demos o facto como consumado quando, embora no-lo garantissem, não estava, esse foi o único erro.
2. Infelizmente não posso dizer que a notícia me surpreende vindo de um jornal como o “Record”. A reputação que este jornal tem vindo a adquirir ao longo dos anos chegou ao ponto de que já conheça seguidores de futebol que estão “de relações cortadas com o vosso jornal”.
A reputação do Record não é feita pelos leitores que assinam a carta acima reproduzida, mas pelos 838 mil que nos lêem diariamente. Esses é que são os juízes, esses é que mandam. Quanto aos que estão “de relações cortadas” connosco, têm a opção por um dos nossos concorrentes. Mas a avaliar pelas vendas e pelo número de leitores, são mais os que estão “de relações cortadas” com a concorrência do que com o Record…
3. Episódios como as eleições presidenciais no SCP-Sporting Clube de Portugal, em que dão como garantido um presidente baseado em inquéritos pessimamente feitos desde o ponto de vista estatístico, episódios como que no dia em que duas equipas portuguesas se qualificam para a final de uma Competição Europeia a capa do vosso jornal seja uma possível demissão de um treinador de nenhuma das equipas em questão; ou também episódios incontáveis de constantes “vendas” ou aquisições de jogadores que nunca se vêm a confirmar.
A. Sobre as presidenciais, o erro não foi estatístico, nem do “pessimamente feitos”, foi da avaliação dos resultados obtidos e o erro foi assumido.
B. Sobre as primeiras páginas do Record: elas seguem diversos critérios editoriais e têm em conta vários factores, procurando ainda não substituir os boletins oficiais ou oficiosos dos clubes, que gostosamente se dedicam à glorificação de quem os sustenta. Bom proveito.
C. Sobre as “vendas” de jogadores, direi que é uma mentira muitas vezes repetida na esperança de se transformar em verdade. Além de “vendas” há possibilidades, probabilidades, boas hipóteses, iminências de contratações, suspensão de negociações ou negócios abortados. Os clubes analisam dezenas de propostas antes de se decidirem. É disso que falamos. Vendas com o preto no branco são as comunicadas à CMVM quando toda a gente já as conhece…
4. Relembro-lhe que quando este tipo de notícias eventualmente saem em órgãos de comunicação, e posteriormente se vem a confirmar que erem infundadas publica-se então um pedido de desculpa, ou nos piores dos casos passa por assumir, numa notícia posterior, o erro que cometeram.
Aqui, nem vale a pena mais conversa. Se há jornal que não hesita em apresentar desculpas é o Record. Mas os autores da carta conhecem, pelos vistos, muitos outros. Nós, não, infelizmente.
5. Não há desculpa para que este tipo de notícias saiam na comunicação social sem qualquer tipo de fundamento, com a única intenção de desestabilizar ou prejudicar o nome de uma Instituição ou individualidade.
Esta é a parte da carta que não merece resposta. Porque os autores da crítica, insatisfeitos com a realidade distorcida que criticaram, resolveram levantar um processo de intenções e dão-se mesmo ao luxo de se pretenderem donos de uma autoridade moral que lhes permite atacarem o caráter dos outros. E isso não lhes admito. Qualquer erro de Record resulta de uma falha humana que não pôde serv evitada e NUNCA da mínima “intenção de desestabilizar ou prejudicar o nome de uma Instituição ou individualidade”. Gostariam que eu dissesse que quem é capaz de escrever isto é porque não hesitaria em fazer aquilo de que acusa os outros? Lamento, bateram à porta errada.
Obrigado.