As imagens de Cavaco Silva e do primeiro-ministro, de costas, a contemplar o Atlântico, em São Julião, por ocasião do Conselho de Ministros sobre o mar para o qual António Costa convidou o Presidente, fazem mais pela popularidade do líder do Governo do que a diminuição dos impostos que afinal aumentaram ou o agravamento dos impostos que terão diminuído – seja lá como eles quiserem.
Mas a arte da sobrevivência política de Costa teve esta semana outro ponto alto: a recondução de Pedro Santana Lopes como provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Desde logo porque quebrou a sacrossanta regra dos “jobs for de boys”, que sempre provoca os ódios dos famintos aparelhos partidários. Depois porque premeia os méritos de um gestor nunca poupado ao escrutínio mais feroz.
O que se disse e escreveu sobre Santana Lopes ao longo do seu percurso, nomeadamente em oito meses como chefe de governo, dava para escrever manuais inspirados tanto em Maquiavel como na estupidez básica do Invejoso da Silva. Ao não seguir esse guião, António Costa arranjou mais uns inimigos naquela “intelligentsia” que despreza o brilho dos mais capazes, mas ganhou o apreço das pessoas cujo voto pesa na decisão das coisas. É para quem sabe.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 5MAR16
Costa marca pontos com decisão sobre Santana
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