Na data em que esta coluna completa oito anos, faço questão de não cair num dos erros que por vezes aqui cometo: o de analisar programas e protagonistas à luz da verdade eterna. E na vida, afinal, pouca coisa é imutável.
Nunca fui apreciador de Cláudio Ramos, e refiro-me ao estilo e não à pessoa, pela ligeireza com que comenta matérias que, ainda por cima, nada me interessam – vai longe a minha passagem pelo “cor de rosa”! E o certo é que o tempo foi passando e eu mantive-me fiel a esse não apreço de estimação.
Há dias, no início de uma noite sem sono, fixei-me no “Passadeira vermelha”, da SIC, e surpreendi-me. Vi depois o “Queridas manhãs” e confirmei que o Cláudio cresceu, ganhou até corpo no ginásio e perdeu maneirismos. Diz ainda futilidades como lhe é pedido, só que desenvolve os temas, banais ou mais sérios, com um bom senso que pede meças a alguns doutores desbocados com acesso às câmaras. Ele alia à empatia e ao discurso frontal um sentido do espectáculo que o leva a variar o tom de voz, a provocar o contraditório e a subir seguramente as audiências.
Cláudio Ramos é hoje um excelente comunicador, um achado. Resolvido o equívoco das manhãs, como irá a SIC tirar dele tudo o que pode dar?
Antena paranoica, Correio da Manhã, 1SET18