As brigadas de suposta
proteção da pureza jornalística – uma fauna que trabalha pouco, mete o bedelho
em tudo e odeia em particular que os órgãos de informação obtenham receitas e
equilibrem as contas – atacaram desta vez a “liberdade” com que o diretor de
informação da RTP convidou José Sócrates para analista político, a troco
apenas, ao que parece, do tempo de antena.
Melhor fora que, ao invés de
dizerem e escreverem o contrário do que defendem quando lhes convém, atingissem
o alvo: não é o jornalista – coitado! – quem decide contratar Sócrates, mas a
“máquina” que o Governo instalou na estação pública para seu próprio serviço.
Os críticos de Miguel Relvas
deviam, aliás, tirar o chapéu à estratégia. O ex-primeiro-ministro irá ensinar
Seguro a fazer oposição e, com isso, fragilizará menos o já frágil Executivo e
mais a alternativa, deixando a escolha da fome como opção à vontade de comer.
Genial.
Nota – Peço
desculpa por não comentar a entrevista de Sócrates à RTP, mas doeu-me demasiado
a crueldade com que o falcão desfez os passarinhos.
Antena paranóica, publicado na edição impressa do “Correio da Manhã” de 30 março 2013