Alexandre Pais

Chega sempre o dia em que o corpo cede

C

Cristiano Ronaldo falhou o último jogo do Manchester United – que só por ‘milagre’ não acabou também fora da Liga Europa – por se encontrar, como foi anunciado pela segunda vez este ano, com problemas na anca. O caráter do jogador não permite que se duvide de uma lesão que será uma consequência lógica dos seus 37 anos, de quase duas décadas de competição a alto nível e das quatro dezenas e meia de partidas disputadas na presente época – com mais 30 golos no rol e a contar. O drama é que faltam ainda os quatro jogos em 11 dias da Seleção, de novo sem Rúben Dias – e viu-se como ontem, muito pela sua falta, o City ia deixando escapar a Premier – e com CR7 sem a frescura física necessária para tamanho esforço, partindo do princípio que recuperará até dia 2. É que começamos logo por enfrentar a Espanha…

O que vier a acontecer nos embates da Liga das Nações ajudará talvez a compreender qual será o futuro de Cristiano. Disputar a Liga Europa pelo United, continuar na Champions noutro potentado europeu ou vestindo já a camisola do Sporting? É que se é verdade que a lenda manifestou o desejo de jogar para lá dos 40 anos, é igualmente verdade que os sinais são de que o seu corpo, que não é de ferro, nem eterno, começa a ceder. Mesmo que vá chegando para as encomendas.

A propósito: sem o ‘problema’ CR, a Juventus acabou a Serie A em quarto lugar, a 9 pontos do terceiro e a 16 (!) do campeão. E com o 10.º ataque da liga: marcou menos sete golos que o Sassuolo, que terminou na 11.ª posição!

Não percebo algumas ausências na convocatória do Engenheiro – como sempre acontece, ‘bons’ são os que faltam – mas há uma que não me entra na cabeça: a de Gonçalo Inácio, ‘rebaixado’ para os sub-21. Então, numa altura em que não teremos Rúben Dias e em que os 39 anos de Pepe não lhe permitirão fazer tantos jogos em tão pouco tempo é que não se chamam nem Fonte, nem Inácio? Para já não colocar demasiada ênfase na irregularidade exibicional de Domingos Duarte…

Em sentido contrário, vejo com alegria a escolha de David Carmo – o mais que provável parceiro de Rúben Dias mal fiquemos sem Pepe – e de Ricardo Horta, duas vénias a Carlos Carvalhal, absurdamente ‘substituído’ em Braga por mais um capricho de António Salvador. Basta ver há quantos anos – oito! – Horta não ia à Seleção, para valorizarmos ainda mais o trabalho de um grande treinador.

A arbitragem portuguesa não conseguiu ter qualquer representante indigitado para o Mundial. Fácil é fazer como os abutres das redes sociais e malhar nos árbitros da casa, que ao sabor dos interesses cegos de cada ‘indignado’ são incompetentes, cobardes, corruptos, umas bestas. Mais difícil é reconhecer que não se trata simplesmente da velha – e várias vezes real – falta de qualidade dos nossos homens do apito, mas sim de uma questão de escassa influência política junto de quem mexe os cordelinhos. Porque os que seguem os jogos das maiores ligas europeias topam de caras, em campo como no VAR, umas anedotas tão más como as piores que cá temos.

Parágrafo final para o último a rir: Pinto da Costa. Pelo meio de histerismos avulsos e confusões em túneis e garagens, lá saiu mais um título para a mesa do canto. Continuem com o folclore por Lisboa porque uma coisa é inegável: está a correr-vos bem…

Outra vez segunda-feira, Record, 23mai22

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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