Ao contrário do que se possa pensar, o sucesso de “Casados à primeira vista” entre nós não resulta apenas do conceito original, já que a SIC o adaptou à realidade portuguesa – e à captação de audiências – com os “diários”, os “extras” e a introdução, no conteúdo, de uma forte componente de “reality show”, expressa nos repetidos jogos de “grupo”.
Nem tudo são rosas nesse percurso, como vimos esta semana nas peripécias na mata, um trabalho lamentável que fez recuar o campismo mais de meio século e que deu, dos seus praticantes, uma imagem distorcida. Ausência de duches, sanitários sem condições, comida confecionada em lume improvisado, dentes lavados na zona da louça ou noites dormidas em total desconforto são práticas de um passado em que acampar de forma “selvagem” era a sequência lógica dos maus hábitos de higiene e da falta de noção de bem estar.
Poupadinha, a produção de “Casados” recuperou em má hora essa memória de um país atrasado, e transformou a porcaria num exemplo. Não está só nesse desígnio que os “Big Brothers” e sucedâneos alimentam sem parar. Basta ouvir, na TVI, os palavrões que abundam na novela “A teia”, para se ver onde já chegam os braços de uma javardice que faz escola.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 15DEZ18
Casados e obrigados a ser porcos
C