O palavreado a roçar o insulto a que nos últimos dias têm recorrido os nossos principais atores políticos não constitui só um exemplo da agressividade boçal que se foi instalando no país real. É, também, o atestado que a valida. Em vez de ser punida, a falta de nível é aceite e premiada,
É como se tudo não passasse de um grotesco “Secret Story” onde política e futebol tomassem conta do guião e Teresa Guilherme levasse “os portugueses” a pagar chamadas de valor acrescentado para manter “na casa” os autores das imbecilidades mais torpes e mais originais.
A guerra suja em que se confrontam poderes sportinguistas e benfiquistas – apoiados numa comunicação social que odeiam mas que lhes serve às maravilhas porque é obrigada a falar do que mexe – situa-se no domínio do absurdo e arrasta a vertigem do dislate para o debate televisivo.
Após a desgraçada confrontação de Bruno de Carvalho com Pedro Guerra, mais dois momentos zen se seguiram. Primeiro, foi Diamantino Miranda a vergastar duramente José Eduardo e a apelidá-lo de “oportunista”*. Depois, coube a Eduardo Barroso – conhecido como um homem de fina elegância verbal – a tarefa de atingir o caráter de Pedro Guerra e de abandonar o estúdio em direto.
Significará isto que novos processos judiciais se somarão aos anunciados? Parece certo, o que só aumentará a “tristeza” de Pinto da Costa, que já veio dizer – oh, profunda ironia! – que “gostava que todos se dessem bem”. Como não dão, o pacificador do Norte lá vai levando a água ao moinho em que reduz a pó o amadorismo sulista.
Canto direto, Record, 19OUT15
Nota – Em 2013, Dias Ferreira deixou o painel de comentadores do “Mercado”, da CMTV, por não querer debater com Pedro Guerra. Foi substituído por Paulo Andrade.
* – Na edição em papel do Record, escrevi, por lapso, “vigarista” em vez de “oportunista”, que foi o termo de facto utilizado por Diamantino Miranda. Aos visados e aos leitores as minhas desculpas.
Casa dos Segredos na política e no futebol
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