Alexandre Pais

Carnaval dos pobrezinhos

C

As reportagens de eventos carnavalescos multiplicaram-se em todos os canais de TV, não havendo festarolas, por mais modestas que fossem, que escapassem às câmaras. Algumas eram bem tristes: umas máscaras pobrezinhas, uns tantos enfarinhados a dar às ancas em coreografias despidas de gosto e de graça. Atrás, junto a prédios incaracterísticos ou cenários mal amanhados, viam-se assistências sorumbáticas, sem cor e sem ousadia para participar.
Houve exceções, claro. Em especial naquelas cidades onde tem havido investimento – em material e em criatividade artística – e se ganhou alguma fama, ainda que seja difícil recordar hoje uma marcha com substância, uns padrinhos com peso ou um desfile com glamour. Houve uns fogachos de grandeza e pouco mais.
Não deixa de ser surpreendente que num país que vive bastante do turismo e importa tanto do sentido de espetáculo do melhor Carnaval do Mundo – o brasileiro – não exista um município que aposte num corso a sério. Com carros alegóricos esplendorosos que percorram uma avenida bonita e preparada, numa festa que entusiasme e se transforme na referência que foi, num dia longínquo, o Carnaval do Estoril, por exemplo. Tem de ser tudo tão pé rapado, tudo pequenino porquê?
Antena paranoica, Correio da Manhã, 4MAR17

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

Arquivo

Twitter

Etiquetas