Alexandre Pais

Canto direto: capitães da areia foram valentes

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Ainda não foi desta que Cristiano Ronaldo “arrasou” na Seleção como tem feito no Real Madrid. Estávamos todos à espera de um começo, de um golo para abrir e animar as hostes. Seria o 22.º da época em partidas oficiais, ou o 29.º, contando também com os 7 que já marcou em jogos particulares, o 31.º ao serviço da equipa nacional A, o 36.º em todas as seleções, e ainda o 263.º golo oficial em 10 temporadas. Paciência, teremos de concentrar todas as nossas expetativas no “mata-mata” aprazado para a noite de terça-feira 15, no que se espera volte a ser o “inferno da Luz”. Como resposta ao “batatal” é perfeito.

O nulo conseguido na Bósnia tem, aliás, o mérito de trazer mais emoção ao desafio da segunda mão e talvez até de encher o estádio do Benfica – se esta porcaria de tempo com que estamos não tiver à nossa espera um vendaval que estrague o jogo, quebre o entusiasmo no apoio à Seleção e reduza o brilho da festa da qualificação portuguesa.

Porque é bom que se sublinhe que a turma de Paulo Bento merece mesmo casa cheia em Lisboa. Ontem, perante uma plateia de fanáticos e num campo com pouca relva e demasiada areia – uma “horta” como referiu Cristiano – os nossos capitães mostraram-se sempre concentrados, unidos, organizados, motivados, voluntariosos e valentes. Se alguém receava os possíveis efeitos das folhas secas que caíram da árvore, os jogadores deram a melhor resposta e provaram que – apesar de nos faltar o conjunto de grandes nomes de outrora (ai, se D. Afonso Henriques ainda fosse vivo!) – temos equipa.

E já agora, que salientámos o golo que o CR7 não marcou, deixemos-lhe uma saudação pelo que jogou, pelo que correu, pelo que lutou. E pela sua dedicação à camisola, àquela, a única que não se veste por dinheiro. Anda lá, Cristiano, dia 15 é a tua noite, as 21 são a tua hora.

Canto direto, crónica publicada na edição impressa de Record de 12 novembro 2011

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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