O desporto parou, a política amansou, o crime inquieta menos: a pandemia domina a informação televisiva. Pena é que os canais por vezes se “esqueçam” da concorrência que lhes é feita por jornais online e redes sociais. Aliás, foi assim que começou a crise do suporte papel, muito ligada ao “boom” dos sites gratuitos do início do século e à rapidez da publicação das notícias – um fenómeno que parece desvalorizado pelas televisões.
Veja-se o que se passa em Portugal, onde a DGS divulga, ao meio-dia, a contagem de vítimas recolhida até à meia-noite anterior. Os dados são repetidos ao longo do dia, e na madrugada e na manhã seguintes são ainda apresentados pelos pivôs com frases como “Portugal já tem xis mortos” ou “tem neste momento xis casos positivos”. Por que não se elimina o “já” e o “neste momento”, e se diz – 24 ou 30 e tal horas depois! – que “Portugal tinha às zero horas de ontem” tal número de mortos e de contágios?
Da mesma forma, afinal, como se replicam os totais mundiais com dados atrasados, havendo sites a atualizá-los ao minuto. Entre os serviços de hora a hora não há tempo para corrigir os números? A informação instantânea – e a CMTV prova-o – é o mais decisivo dos trunfos.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 11abr20
Canais de TV perdem para os sites na atualização de dados
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