No Verão de 1969, o filme A Piscina, com Alain Delon, a que a Censura marcelista libertara breves cenas em que se via o peito nu de Romy Schneider, provocava filas nas bilheteiras do Tivoli – e pela Avenida da Liberdade abaixo. Claro que na década de 50, e no início da de 60, o sexo era um tabu ainda maior.
Os vespertinos Diário de Lisboa e Diário Popular içavam na altura a bandeira de alguma abertura e recordo-me da excitação em torno das notícias da actriz parisiense Brigitte Bardot, quase sempre por causa dos seus romances, descritos em breves linhas apimentadas por fotos consideradas ousadas – ousadia da época, que dá hoje para rir.
Namorados ou maridos como Roger Vadim ou Jean-Louis Trintignant, Sami Frei ou Jacques Charrier, Sacha Distel ou Serge Gainsbourg, muitos jogos de escândalo e traição, e em especial o facto de ser fisicamente perfeita, faziam de BB uma estrela tão popular no Portugal obscuro – pela libertação sexual que o seu comportamento transportava – como nos meios cinematográficos franceses. Completou há dias 80 anos e continua um ícone.
Uma semana antes, uma rival italiana, Sofia Loren, chegou também aos 80. Mas a carreira da actriz romana foi outra música, pois enquanto a BB era quase só sex appeal, em La Loren predominava, além do busto generoso e de maior contenção nos amores – casou-se, em 1957, com o produtor Carlo Ponti, 22 anos mais velho –, o talento que a levou, em 1962, a ganhar, com Duas Mulheres, de Vittorio De Sica, o oscar de Melhor Actriz. Como BB, a fama de Sofia alcança, intacta, os nossos dias – privilégio de lenda.
Parece que foi ontem, Sábado, 9OUT14
Brigitte Bardot e Sofia Loren: lendas chegam aos 80
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