Alexandre Pais

Batemo-nos bem, olhemos para o futuro

B

Não sei o que me vai custar mais: se ter de recuperar da desilusão que o afastamento da Seleção do Europeu me provoca ou se ser obrigado a ouvir o chorrilho de imbecilidades que virão de todo o lado durante semanas.

A verdade é que Portugal esteve bem e bateu-se melhor, mas não lhe calhou a sorte do jogo, arrecadada pelo Hazard mais novo quando executou o remate da vida dele – e o único da sua seleção que foi direito à baliza, em 90 minutos! – para marcar o golo da vitória belga. Tivessem beneficiado dessa luz Diogo Jota, Guerreiro ou Rúben Dias e a conversa seria hoje diferente.

Também a Fernando Santos não devem ser assacadas outras responsabilidades que não sejam as opções individuais que se revelaram erradas, acho eu, como foi o caso da convocatória de William Carvalho e da sua titularidade, da desistência de recuperar Cancelo – que teria dado ontem outra dimensão ao nosso jogo – e da chamada de Dalot, que não tem ainda condições, mas vai ter, para ser o lateral direito da equipa nacional. Com Nélson Semedo em campo, ao menos na derradeira meia hora, ganharíamos um extremo para aquela fase de pressão em que sufocámos a Bélgica.

Uma palavra para o posicionamento de Cristiano Ronaldo, quase sempre anulado pelas três torres adversárias. Não teria sido preferível chamar André Silva logo no início da segunda parte? Mas enfim, cada um pode agora arengar com as suas preferências que nada do que for dito afetará a qualidade e a entrega do desempenho da nossa gente. Sinto orgulho pelo que todos fizeram! E vamos pensar no Mundial e na renovação tranquila que está em curso, deixando de parte o estúpido chavão do final de ciclo.

Ao começar, em Wimbledon, a melhor e mais icónica competição do ténis mundial, volta a primeiro plano a luta pelo recorde de conquistas do Grand Slam, por enquanto na posse de Federer e Nadal, com 20 títulos. E não caberia na cabeça de ninguém envolver nessa disputa lendas do ténis feminino, como Margaret Court, que somou 24 grandes torneios, ou Serena Williams, que coleciona 23 – ou até 39, se contarmos com as provas de pares. Ora no futebol, como em qualquer modalidade coletiva, não há equipas mistas, pelo que não faz nenhum sentido comparar os 109 golos de Cristiano Ronaldo, pela Seleção, com o número alcançado por uma futebolista. Os 186 golos de Christine Sinclair, pelo Canadá, constituem um feito impressionante mas… pertencem a outro campeonato.

Um parágrafo ainda com CR7, para lembrar que, terminada para ele a época 2020-21, fica o registo, se bem contei, de 59 jogos e 46 golos – 10 dos quais na Seleção. Por sua vez, Messi, que vai continuar a disputar a Copa América, soma até agora 56 jogos e 41 golos – 3 apenas pela Argentina. Conseguirá superar Cristiano? Uma coisa, no entanto, já é certa: olhando para os números, os dois intérpretes da maior rivalidade da história do futebol estão ambos… “acabados”.

Uma nota final para o nível dos comentários de Jorge Silas, na Sport TV. Conhecimento e simplicidade são a chave da sua exemplar forma de comunicar. Chapeau!

Outra vez segunda-feira, Record, 28jun21

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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