Rumo para o Futebol Português
É confuso o futebol português. Se por um lado se retiram vedações dos estádios
reconhecendo os espectadores daquele espectáculo desportivo como cidadãos
responsáveis, por outro criam-se jaulas como se tais cidadãos responsáveis fossem,
em dias de jogos, perigosos e violentos criminosos.
O comportamento da Polícia em tais jogos evidencia tal realidade, tal a quantidade
de episódios de violência e provocação por parte de certos e determinados agentes
das forças de segurança para com adeptos de futebol. Este jogo não foi excepção e
vários homens, mulheres e crianças foram agredidos indiscriminadamente,
enquanto eram tratados como gado. Seriam todos criminosos? Ou deveu-se tal ao
facto de ser dia de futebol?
A entrada para o estádio foi demorada, propositadamente lenta de forma a permitir
que a bancada verde e branca estivesse vazia. Porventura receios do poder vocal
dos leões que tão bem se ouviram na Luz.
Tudo motivado por razões de segurança, assim exclamam todos os responsáveis.
Os mesmos que terão avalizado a “jaula”e que verificaram que, por altura do
reprovável incêndio, afinal não estavam reunidas as condições ideais de acesso aos
bombeiros. Vislumbre-se, igualmente, a dimensão dos extintores utilizados para se
perceber a falta de preparação de tal sector para um incidente daquele género. Ao
que se juntou o derrubar de diversas barreiras metálicas dada a sobrelotação do
estádio.
Foram estas as condições de segurança que muitos avalizaram e pelas quais agora,
nenhum é responsável? Ficou dado o alerta e felizmente não houve necessidade de
evacuação imediata do sector e actuação dos bombeiros e/ou outras entidades
durante o jogo. Teria sido preocupante…
Os eventos deste derby demonstram duas falhas graves no que diz respeito à
organização e planeamento do jogo. Por um lado, a “jaula” de segurança revelou-se
totalmente incapaz de aumentar os níveis de segurança dos adeptos, como
qualquer agente da protecção civil deveria conseguir constatar à partida. Por outro
lado, as regras impostas pela PSP com o objectivo de conduzir os adeptos ao
estádio de forma atempada e segura, revelaram-se totalmente ineficientes. Quem
vai no cortejo chega tarde e é agredido, quem vai fora do cortejo é detido por
manifestação ilegal. Está na altura de parar de brincar aos polícias e ladrões.
À Liga de Clubes, à Federação Portuguesa de Futebol, à Secretaria de Estado do
Desporto e Juventude pedimos:
“Não se discuta o incidente em si, mas sim a cultura que se pretende desenvolver
no futebol nacional. Uma cultura de respeito mútuo entre os adeptos e fair-play ou
uma cultura de guerrilha, estádios de sítio com autênticos exércitos policiais a
cercear todos os direitos humanos dos cidadãos?”
Para nós a resposta é clara! Para tais entidades, pensamos que ainda não o será.
Está na altura de parar de olhar para a árvore e vislumbrar a floresta, em nome do
desporto-rei em Portugal!
A última palavra vai para o Conselho Directivo do Sporting Clube de Portugal. Uma
palavra de apreço e gratidão pelo apoio que estes orgãos sociais deram aos seus
adeptos.
O Sporting Clube de Portugal está vivo, unido e continuará forte!
Com os melhores cumprimentos,
Comité Executivo
Associação de Adeptos Sportinguistas