Em 2013, ao formar-se a equipa do “Hora Record”, da CMTV, apontou-se para futura pivô do programa uma estagiária que pouco percebia de desporto. Como tinha potencial, incentivei-a a anular o “gap”, dedicando-se ao seu projeto laboral para além do horário normal. E ela passou a entrar mais cedo do que os colegas e a ir para casa muito depois deles. Juntava ainda, a 12 horas na redação, o tempo das conversas com o pai, adepto de futebol e que lhe esclarecia as dúvidas. Em três meses, a jornalista foi requisitada ao “Record” pela própria estação, atingindo assim o seu primeiro grande objetivo profissional.
No mercado altamente competitivo de tantas áreas de atividade, esforçarmo-nos mais para sermos melhores é o ás de trunfo do êxito. Recordo a prática – que “herdei” do José Neves de Sousa, o jornalista com maior capacidade de trabalho que conheci em meio século de carreira – após ter lido, no Twitter, o chorrilho de insultos que os falhados da vida dirigiram ao milionário chinês Jack Ma, fundador e líder da tecnológica Alibaba, por defender as odiadas 12 horas de labor diário. Que não se podem impor, claro, mas que são uma opção individual para quem não quiser ser um funcionário irrelevante e igual a outros.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 20abr19
As odiadas 12 horas de Jack Ma
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