Só a RTP teria
hoje condições para produzir o espectáculo “7 Maravilhas – Praias de Portugal”,
que não foi além do 9.º lugar no top dos programas mais vistos do dia e não
terá pago, assim, o dinheiro que nos custou. Tratou-se, é certo, de um
verdadeiro conteúdo de serviço público, que valorizou uma das mais-valias do
país e que Catarina Furtado e José Carlos
Malato apresentaram de forma superior.
O problema é que
se pensou mais na estética – excelentes as coreografias e a iluminação – do que
nos telespectadores e se criou um pastelão que se arrastou por horas, sendo a
falta de ritmo, a chave do fenómeno televisivo, assumida pela realização como
se de um trunfo se tratasse.
Esta fase de
incerteza perante o futuro da RTP parece dar protagonismo aos que julgam poder
sobreviver defendendo a “qualidade” paga por todos contra o “popular” que se
paga a si próprio. Mais uma razão para se apurar de vez o que é de facto o
serviço público, esse conceito vago que dá para tudo e só gera prejuízos.
Ninguém está interessado? Ah, pois, isso já sabemos.
Antena paranóica, crónica não publicada em edição impressa