O ministro das Finanças deu a
sua longa conferência de imprensa pouco antes do início do Portugal-Azerbeijão,
repetindo dessa forma o exemplo de Pedro Passos Coelho, que tinha feito abanar o
país nos minutos que antecederam o jogo entre o Luxemburgo e Portugal, como se
o futebol ainda fosse o ópio do povo.
Mas se acreditarmos estar
perante um caso de estratégia política, seremos levados a desconfiar que o
primeiro-ministro tenha, a tratar da sua imagem, alguém mais sensato do que os
conselheiros da área económica, que o põem a anunciar medidas catastróficas dia
sim, dia não.
Só que o medíocre desempenho
de Passos Coelho na entrevista à RTP, em que se deixou ingenuamente manietar pela
catadupa de questões que o par perguntador lhe colocava, sem lhe permitir
terminar uma única resposta, fazem, também nessa área, temer o pior.
E o “naif” reconhecimento,
por parte do PM, de que os limites para a paciência das pessoas já foram
ultrapassados, sem exigir explicar depois porque pensa assim, pode ser sinal de
que o barco navega sem homem ao leme.
Antena paranóica, crónica publicada na edição impressa do Correio da Manhã de 15 setembro 2012