Alexandre Pais

Antena paranóica: pior que o alegado só o dantesco…

A

Em matéria de crime, reina a
confusão na informação, nomeadamente nos audiovisuais, meios onde as frases
passam depressa e dificultam, ou não permitem até, uma avaliação posterior,
pelo simples facto de que não ficaram escritas.

Há anos, o termo “suspeito”
foi substituído pelo “alegado”, que depressa se tornou numa palavra que se usa
e de que se abusa a todo o tempo – tal como o insuportável “dantesco” – sem que
muitas vezes se faça ideia se a sua aplicação é adequada à situação. E ainda
esta semana, um repórter veterano, com algum nome na praça, nos dizia, num
canal de referência, que a polícia francesa procurava o “alegado autor” do
quádruplo assassínio à porta de uma escola judaica, em Toulouse.

Ora, a verdade é que os
agentes perseguiam não o “alegado” mas o bandido que matou, não alegada mas
realmente, pessoas inocentes. Preso o assassino – suposto, mesmo que confesso –
então sim, teríamos o alegado autor do crime, até que em tribunal se fizesse a
prova e houvesse condenação definitiva. Quem não percebe isto pode dedicar-se à
pesca.

Antena paranóica, publicado na edição impressa do Correio da Manhã de 24 março 2012

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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