Há em Portugal um partido com a ambição de governar, e com boas possibilidades de o conseguir dentro de três semanas, que menospreza o poder da comunicação e usa a televisão não para conquistar votos mas para os desbaratar.
Em poucos dias, as repetidas intervenções de Eduardo Catroga traduziram-se numa série de anedotas que pode resultar em catástrofe, tanto mais que estamos perante um eleitorado sempre volúvel e agora particularmente desconfiado e desorientado.
A desbragada utilização da palavra por parte do professor anula a evidência do seu conhecimento e leva os indecisos a interrogar-se sobre as condições que o antigo ministro das Finanças terá para ser algo mais do que conselheiro. Sim, porque deste protagonismo outro resultará.
O problema é de fé. Os sociais-democratas acham ser “peanuts” vencer a profissional máquina de propaganda socialista só com a boa vontade dos amadores. E com Catroga fora de cena logo avançou Carlos Moedas, enfim, um rosto novo, mas também ele sem talento para comunicar.
O que leva um partido, que reuniria na S.Caetano uma paleta de economistas com um estalar de dedos, a não ter em conta que num país virtual – e hoje mais do que nunca – só o que parece é que é?
Antena paranóica, publicado na edição impressa do Correio da Manhã de 14 maio 2011