Passam hoje dez anos – uma vida – sobre a data em que Alberto do Rosário, então na liderança da Lusomundo, fez de mim o quinto dos oito directores que o “Tal & Qual” conheceu ao longo de uma presença de 27 anos nas bancas. Nascido no Verão de 1980, por iniciativa de Joaquim Letria e na sequência de um programa de grande êxito daquele comunicador, na RTP, o “Tal & Qual” desapareceu em 2007.
Podemos dizer que foi morto, mais do que por inépcia editorial, pelo galope avassalador de tempos que transformaram a desgraça e o insólito, a corrupção e o nepotismo, a incompetência e a roubalheira – que o pequeno ecrã nos mete em casa a toda a hora – numa coisa obsoleta em suporte papel.
Mas abuso hoje da paciência dos leitores do CM para não deixar cair no esquecimento o mérito, profissional e de cidadania, dos quatro grandes repórteres que fizeram a glória de um semanário que tive o privilégio de dirigir, infelizmente já longe da sua época de ouro, durante o ano de 2001.
Jornalistas como Joaquim Letria, Mário Zambujal, José Rocha Vieira e Hernâni Santos não são apenas raros – já não se fabricam. E obrigam-me a não seguir o exemplo de outros e a manter, com orgulho, o “Tal & Qual” no currículo.
Antena paranóica, publicado na edição impressa do Correio da Manhã de 12 março 2011