O trágico apagão da extraordinária carreira de Carlos Cruz e a retirada definitiva (?) dos ecrãs de José Eduardo Moniz deixou a televisão, na área da informação, sem senadores – na linha das mulheres e homens de cabelos brancos que dão à TV norte-americana o toque da credibilidade sem a qual a comunicação não flui e a notícia não “cola”.
Não é por acaso que profissionais como Judite de Sousa, Nuno Santos, Júlio Magalhães ou José Alberto de Carvalho “ficam bem” em qualquer estação. Afinal, criaram uma imagem que os torna credíveis pelo que são e não pelo canal onde aparecem. Mas falta-lhes a “patine” do tempo, que tardará, sorte deles.
Fora da informação, tudo parece mais simples, embora a qualidade não seja mais fácil de atingir, ainda por cima num país que não ama as suas primeiras figuras e não lhes reconhece esse estatuto. Sinto essa falta de reconhecimento público na reacção a “Nico à noite”, da RTP1, um “talk show” que Nicolau Breyner apresenta, vestido com um fato que não é o seu.
O ator, realizador e produtor que nos proporcionou momentos inolvidáveis de televisão não está lá. O que vemos é apenas um respeitável veterano que resiste, fora de foco e carregado de nostalgia. Nico merecia mais.
Antena paranóica, publicado na edição impressa do Correio da Manhã de 2 abril 2011