As votações por chamadas de
valor acrescentado são o que são: uma fonte de receitas para quem as contrata
com o operador e as promove. Haverá quem respeite os seus resultados e quem os
altere, uma vez que não existe escrutínio, nem um regulador a pedir contas.
Agora que terminou “A tua
cara não me é estranha”, cujos vencedores são supostamente apurados por votos
“telefónicos”, seria bom que a produção da TVI nos considerasse menos estúpidos
em futuras realizações do género.
Se é certo que o programa é
um espectáculo disfarçado de concurso, não é menos certo que cria uma espécie
de competição para caçar o voto pago dos telespectadores. Mas pretendendo
tratar o assunto como sério, deixa depois de fora o rabo ao gato escondido, ao
iniciar as votações imediatamente a seguir às actuações de cada artista. E a
dúvida é óbvia: como pode o último a cantar obter mais votos que o primeiro,
cuja linha de telefone abriu duas horas antes?
Colocar os “concorrentes” em
pé de igualdade é o mínimo a fazer para que a “votação”, já agora, pareça
verdadeira.
Antena paranóica, publicado na edição impressa do “Correio da Manhã” de 4 agosto 2012