Tenho um amigo que não acredita que o realizador do “Preço Certo” seja um homem, tal o cuidado em não mostrar o que mais interessa. Pela minha parte, acho apenas que falta a alguns realizadores o sentido de reportagem de alguns jornalistas.
Sou fã das transmissões dos jogos disputados em Espanha, precisamente porque, além do futebol, nos dão ainda o espectáculo e os pormenores. Há dias, no “directo” do Real Madrid-Auxerre, mal Cristiano Ronaldo festejou a marcação de um golo logo nos mostraram o seu filho, na bancada, ao colo da avó. Isso revela que os profissionais da TV espanhola fazem o trabalho de casa.
Felizmente que em Portugal, a par de realizações mais discretas, já temos quem se preocupe com o que antes se desprezava e que constitui agora o leitinho dos meninos. No final do último V.Setúbal-Sporting, por exemplo, foram-nos oferecidas, de seguida, duas imagens devastadoras para o que é hoje o futebol leonino.
Uma era de Manuel Fernandes, o símbolo, a saborear o triunfo com o coração a sangrar mas também com o sentimento do dever cumprido. A outra, que a realização sabiamente colou à primeira, era de Costinha, o funcionário vencido, cabisbaixo, a recolher às cabinas. Muito, muito bom.
Antena paranóica, crónica publicada na edição impressa do Correio da Manhã de 18 dezembro 2010