A administração da RTP terminará este ano o seu mandato, pelo que precisa de dar sinais positivos que confirmem o meritório trabalho de gestão desenvolvido numa empresa pública em que o prejuízo é tradição.
Mas desta vez não precisou sequer de se esforçar, já que lhe caíram na mesa os pedidos de demissão de quatro dos seus melhores quadros, que rumam à TVI com duas vantagens pessoais imediatas: poder ganhar um novo desafio e dispor de uma retribuição melhor.
Desconfio que a posição da equipa liderada por Guilherme Costa, dados os ventos que sopram, não tenha sido a mais natural, ou seja, a de preocupação pela saída de profissionais qualificados que vão, ainda por cima, fazer estragos nas audiências da RTP, valorizando a concorrência.
É que só José Alberto Carvalho e Judite Sousa custavam à estação do Estado perto de meio milhão de euros anuais – nada de exagerado para o que valem, mas muito para ser aceite pela inveja social ululante. E como as estrelas não abundam, nem estarão disponíveis para se mudar para uma empresa onde os salários descem, restará à administração da RTP poupar o dinheirinho e apostar na moeda da casa.
A demagogia é assim: como odeia a qualidade, desculpa-se com a despesa.
Antena paranóica, publicado na edição impressa do Correio da Manhã de 26 fevereiro 2011