Comecei a ouvir rádio por causa de Artur Agostinho e dos seus inesquecíveis relatos dos jogos de hóquei dos anos 50. E comecei a ver televisão por causa de Artur Agostinho e de um inolvidável concurso da RTP, o “Quem sabe, sabe”, de 1957, marca de uma época.
Conheci-o anos depois, nas suas raras aparições na Emissora Nacional, pois ele já era diretor de “Record” e coordenava apenas a actividade jornalística com os relatos de futebol. Mas quando passava pelos estúdios do Quelhas o Artur juntava muitos basbaques como eu e contava anedotas com o talento insuperável que colocava em tudo.
Só em 2005 nos reencontrámos num almoço, com o António Magalhães, para que “Record” acertasse contas com a sua história e pudesse reparar, na medida do possível, o irreparável: a brutalidade da demissão do Artur, em 1974. E creio que demos o nosso melhor.
Hoje, ainda mal refeito da perda daquele que foi “o” comunicador dos comunicadores portugueses, fixo-me na crónica de outro, Jorge Gabriel, no “Record”, e na revelação de uma lição sobre a inveja que recebeu de Artur Agostinho quando se iniciava na profissão: “Qualquer exercício que revele poder, projecção ou reconhecimento público estará debaixo da mira dos incompetentes”. Nem mais.
Antena paranóica, publicado na edição impressa de Record de 26 março 2011
Antena paranóica: Artur venceu a inveja.
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