É dos livros: com os treinadores, há sempre o dia em que o tempo chega. E chegou agora para Rui Vitória, com duas inesperadas derrotas que afastaram o Benfica da final da Taça da Liga e reduziram a 1 ponto o avanço sobre o FC Porto num campeonato que parecia ir direitinho ao tetra.
Enquanto Jorge Jesus se lamentava de uma evidência, as faltas de João Mário e Slimani – Bas Dost está ao nível do argelino na concretização mas é menos móvel e não trabalha tanto em campo – e do menor rendimento de Adrien e William Carvalho, a Rui Vitória a vida sorria de tal modo que ele sempre salientava que o Benfica tem tantas soluções que se não jogar um joga outro. O estado de graça era tal, que até Luisão passara de acabado a candidato à renovação. Quando se ganha, tudo é maravilhoso, quando não se ganha é que se vê, ou se sente, como elas mordem.
Era bom que o futebol fosse assim. Em poucos dias, faltam Fejsa e Mitroglou e perde-se com o Moreirense, faltam Gonçalo Guedes e Jiménez para o forcing da segunda parte e perde-se em Setúbal. Juntando a quebra de Pizzi à de Lindelof, para não valorizar sequer a prolongada ausência de Grimaldo, e está o caldo feito para o insucesso. A Liga está de novo aberta e mesmo o avanço sobre o Sporting voltou a ser de 7 pontos, o que, como sabemos, não é vantagem em que se confie.
Não é o fim do mundo. Rui Vitória tem capacidade e plantel para voltar a colocar o comboio nos carris. Tanto mais que a julgar pelas exibições do fim de semana, FC Porto e Sporting continuam sem o nível futebolístico que deles se espera e que o Benfica havia atingido antes desta minicrise (ou será uma crise maior?). Ainda por cima, dragões e leões enfrentam-se no sábado, e um deles, ou ambos, irão perder pontos. O meu palpite para o TotoRecord vai por aí – cheira-me a empate.
Agora é Rui Vitória a ver (ou a sentir) como elas mordem
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