Nunca alinhei com os “especialistas” que na época passada se atiraram a Quique Flores, acusando-o, inclusive, de perceber pouco de futebol.
Aplaudi até a escolha de Rui Costa e acompanhei a desilusão crescente ao longo da temporada. Por um lado, pela falta de resultados, e por outro, pelos erros cometidos pelo treinador. Para dar apenas alguns exemplos, lembro que ele não foi capaz de estabilizar ao menos um dos guarda-redes – como Jesus veio a fazer com Quim – não conseguiu dar solidez à defesa, com a insistência no desvio de David Luiz para a lateral, nem procurou resolver os problemas do ataque sem teimar na utilização de Suazo (quando não estava lesionado, claro), sem apostar firmemente em Cardozo, e recorrendo demasiadas vezes ao quase anedótico Balboa.
Nada disso anulou os méritos de Quique, que trabalhou com seriedade no Benfica, mas que não tinha um Di María maduro, não tinha Ramires, não tinha Saviola, e não tinha, principalmente, Javi Garcia, o cimento da muralha defensiva.
Quique Flores ganhou ontem a Liga Europa e confirmou a sua capacidade. Não esqueço também o modo como se comportou em Portugal, respeitando toda a gente: os adeptos, os jogadores, os colegas e os jornalistas. Merece este êxito pelo que é – como técnico e como homem. Parabéns.
Passe curto, publicado na edição impressa de Record de 13 maio 2010 (em versão reduzida)