Pronto, terminou o arraial nas ruas e o pesadelo para os repórteres de campanha, em especial para os que não puderam evitar o pão para malucos.
Desta vez, as vítimas de microfone na mão dividiram-se em três grupos. O primeiro era o dos narradores do óbvio, tarimbeiros com largos anos de estrada que lograram passar pela militância cega com a indiferença dos brócolos. A sua ambição não vai além dos trabalhos de exterior – e que não os chateiem.
Depois, tivemos os receosos, desconfiados da própria sombra que procuraram adornar a festa com palavras amigas para a caravana ululante, recebendo quem sabe uns sorrisos no final do exame. É por norma gente insatisfeita à procura de um novo emprego.
Por fim, houve os bacteriologicamente puros, donos da razão que sempre cedem à tentação de corrigir uma inexatidão ou contrariar um exagero eleitoralista, apresentando assim a sua candidatura profissional a outros voos. São os ambiciosos que sonham, justamente, em subir de nível.
Todos devem sentir-se hoje um pouco órfãos. Sem cheias, sem incêndios e com a covid já cansada, o que os espera após os foguetes de amanhã à noite? Talvez a falta de chuva ou o enésimo aumento dos combustíveis – é a monotonia que volta.
Antena paranoica, Correio da Manhã, 29jan22