A vida seguiu em frente, mas não resisto a juntar-me ao massacre. Se eu fosse selecionador nacional – e depois da exibição que fizeram contra os checos – começaria por não tirar Diogo Dalot e Mário Rui do onze titular. Teria metido também Matheus Nunes desde o início. E aos 60 minutos, vendo os nossos níveis físicos em queda acelerada e o meio campo a ceder – e face às substituições de Luis Henrique – faria entrar de imediato Palhinha e poria Leão e João Mário em vez de Cristiano e Bernardo Silva, estes completamente esgotados de tanto andarem a correr atrás da bola, tal como Bruno Fernandes, numa suposta e incompreensível ‘pressão alta’.
Sim, não me apetece ser mais um a atirar pedras a Fernando Santos, mas não entendo este novo atraso na sua reação ao que se passava em campo – há até uma imagem preocupante que o mostra, indeciso, a falar com os seus adjuntos em plena tempestade, à espera que algum lhe lançasse a boia… Sim, sou dos que acreditam na capacidade do Engenheiro para conduzir o grupo, tem por ele o currículo, a experiência e o conhecimento. Como creio igualmente na recuperação de Cristiano para o Qatar, não já como ‘o melhor do Mundo’, mas ainda como um dos grandes futebolistas do Planeta. Não alinho, pois, no coro habitual de ressabiados que se rendem à evidência quando as coisas correm bem e tudo tentam destruir à primeira oportunidade. São representantes do Portugal no seu pior.
Os dirigentes do Atlético de Madrid pediram à polícia as identidades dos seus adeptos que entoaram cânticos racistas contra Vinícius Júnior, no recente dérbi da capital espanhola, afirmando, expressamente, que serão expulsos de associados do clube. Por cá, soube-se que já foram identificados os energúmenos que insultaram e ameaçaram um adepto portista com a filha ao colo. Só que dos responsáveis estorilistas nem novas nem mandadas…
A propósito, pergunto-me se entre os anormais que apedrejaram o carro da mulher de Sérgio Conceição – entretanto, também já identificados pelas autoridades – haverá, por simples acaso, sócios do FC Porto. Serão expulsos ou a sua ação considerada uma traquinice?
Espero que a tragédia da Indonésia ajude a abrir os olhos à necessidade imperiosa de combater a violência tanto nos recintos desportivos como nos locais públicos adjacentes. Não é nada de que estejamos livres se os baderneiros continuarem como estão hoje: em roda livre.
Sá Pinto e Marcos Acuña continuam fiéis ao seu ADN, nunca mudam e pelo menos um deles já tinha idade para isso. Quanto à suposta rapaziada do Benfica que teve de ser barrada pela PSP em Braga, é mais do mesmo, outro caso de polícia para o vasto rol da estupidez.
O Manchester United afastou ‘the problem’ e segue de vento em popa. Levou ‘chapa 6’ do City e já está, à 8.ª jornada, a 9 pontos do líder. No que respeita a Bruno Lage, eis a confirmação de que se meteu em cavalarias demasiado altas para o seu perfil – essa do Rúben Neves a jogar como central só podia acabar mal… Veremos a fatura que o novo treinador irá passar à ‘armada portuguesa’ e as consequências que isso terá em oito (!) dos jogadores da Seleção que ficarão por lá, um verdadeiro drama.
Como aconteceu, aliás, com o Real Madrid, o Benfica ficou a saber que o campeonato não são favas contadas. Perdem-se pontos quando menos se espera.
E uma palavra para Taremi. Admiro o internacional iraniano pelo seu talento como futebolista, que ficou, no sábado, uma vez mais demonstrado na partida frente ao Sp. Braga. E admiro ainda mais o homem pela corajosa posição que tomou contra a perseguição de género levada a cabo pelos lunáticos religiosos do seu país. Porque fácil é mostrar bravura quando temos as costas protegidas, mas outra coisa, essa bem mais difícil, é afrontar os fanáticos e ter de voltar a casa. Não é para todos. Chapeau!
Último parágrafo para um jornalista que, há precisamente 40 anos, foi um dos entusiastas que fundou um semanário ‘revolucionário’ para a época, o ‘Off-Side’, e que chega agora, tarde mas a tempo, à direção de ‘A Bola’. Parabéns e sorte, João Bonzinho!
Outra vez segunda-feira, Record, 3out22 (versão integral)