Já aqui referi a ilusão que
são as chamadas de valor acrescentado, geridas por um operador que cativa parte
da receita e por um cliente que recebe a outra parte, a maior, e que apresenta
depois os resultados que mais lhe convierem. A inexistência de regulador, ou
seja de um validador independente que garanta a fidelidade ao desejo de quem “vota”
por telefone, deixa-nos em situação que permite todas as dúvidas.
A TVI assenta a mecânica da “Casa
dos Segredos” – incluindo a decisão sobre o respetivo vencedor – naquilo que
aponta como “a vontade dos portugueses”. Portugueses serão, mas não “os”. E também
não é certo que os desfechos pretendidos pelos que votam correspondam ao
anunciado pela produção.
No negócio da televisão, o
que mais conta são as audiências. E mandar para casa quem as faz subir seria
atirar dinheiro à rua. Mas as chamadas de valor acrescentado pagam a festa,
pelo que lançar tudo no limbo é a saída. Rúben Boa Nova não ganhou então a “Casa”?
Ganhar, ganhou, mas que “a vontade dos portugueses” pode ter sido outra, lá
isso pode.
Antena paranóica, publicado na edição impressa de Record de 5 janeiro 2013