A RTP é hoje o terceiro canal de TV em sinal aberto, o que equivale a dizer que é o último. Deve-o aos condicionalismos do serviço público – ainda que o serviço público que presta tenha dias e tenha programas… – e a alguma falta de talento, decorrente da saída de muitos profissionais qualificados, uma sangria imparável de há anos a esta parte. E a qualidade só não desceu mais porque grande parte dos que resistiram, entre os quais muitos jornalistas, se recusam a baixar os braços e lhe dão diariamente o melhor de si.
Mas o facto de não ser líder não pode retirar à estação oficial o direito de procurar o seu caminho, oferecendo aos telespectadores aquilo que entende que eles querem ver. Foi certamente com esse espírito que fez, à UEFA, a maior oferta pelos direitos de transmissão dos jogos da Liga dos Campeões para as próximas três temporadas.
Os 18 milhões de euros avançados já foram desmentidos pela RTP, pelo que vamos admitir que a oferta não ultrapassou os 13,5 milhões de euros que a TVI pagou pelo último contrato e que pelos vistos não quis agora repetir. E não quis porque aí reside a questão: em três anos, faturou apenas mais 6 milhões de euros em publicidade por causa dos jogos, o que só não representou uma perda direta de 7,5 milhões porque o crescimento das audiências permite outros ganhos, que não chegam, todavia, para cobrir o prejuízo.
Se tivermos em consideração que a RTP está limitada a metade do tempo de publicidade por hora da estação de Queluz – de 12 minutos para 6 – facilmente se conclui que são as taxas de audiovisual que todos pagamos que servem para a RTP dispensar colaboradores e ir a seguir desregular o mercado, oferecendo os milhões recusados por aqueles que têm de prestar contas aos acionistas. Vindo de Alberto da Ponte, mais custa a crer.
Canto direto, Record, 24NOV14
A televisão dos prejuízos
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