Alexandre Pais

A propósito do nu de Joana Amaral Dias

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No início de 1992, quando convidei o prestigiadíssimo António Homem Cardoso, para fotografar, para a Tomorrow, a manequim e modelo Fátima Raposo, grávida de sete meses, julgava que já não havia em Portugal tantos preconceitos estúpidos.
Afinal, no Verão de 1991, dera brado a Vanity Fair, com Demi Moore, e logo a seguir, no Brasil, Luma de Oliveira fizera a capa da Manchete com a sua gravidez. Curiosamente, por cá, os maiores pruridos vieram desse tão supostamente liberal mundo da moda que alberga, na verdade, algumas mentes retrógradas, lideradas por gurus falhados e, como sempre, por aqueles invejosos que julgam que a vida se ganha saindo da cama às 4 da tarde. Estou a ver, 22 anos depois, a cara da booker de uma agência falida a criticar o editorial do grande Homem Cardoso: “Nunca vi coisa mais sinistra”. Ser nobody às vezes custa… Ou, como diria uma amiga minha, “a inveja é pior que a sarna”.
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A Tomorrow, deixem-me acrescentar, contava, na área editorial, com profissionais de qualidade, tanto como entrevistados como a fotografar, a editar e a escrever. José Cardoso Pires, Vergílio Ferreira, Luís de Sttau Monteiro ou Dinis Machado são alguns dos autores consagrados cujos textos publicámos – e José Saramago escreveu sobre Lisboa, Cidade branca de várias cores, na mesma edição em que a já desaparecida Fátima Raposo surgiu na capa.
Recordo isto ao ver as redes sociais pejadas de insultos por causa da capa da revista Cristina, com Joana Amaral Dias a mostrar a barriga e o seu homem – que não está também nu porquê? E é assim: o tempo passa e a estupidez continua.
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Parece que foi ontem, Sábado, 10SET15

Por Alexandre Pais
Alexandre Pais

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