A morte recente de Edmundo Pedro fez-me voltar aos tempos do gabinete de análise de imprensa que integrei e que serviu, entre 1977 e 1978, o primeiro e o segundo governos constitucionais de Mário Soares. Numa sala do edifício onde trabalhávamos, deu-se, numa tarde, a preparação de uma entrevista a Álvaro Cunhal, a ter lugar nessa noite, nos estúdios da RTP. Presentes, Edmundo Pedro, então presidente da estação, Seruca Salgado, um dos fundadores do PS e que seria o entrevistador, e José Lechner, o luso-magiar que era líder do nosso grupo de analistas e (grande) especialista em comunicação. Não participei na reunião, passava apenas por perto quando, combinada uma pergunta quente para se colocar a Cunhal, Edmundo disse para Seruca: “Aí é que você lhe arreia!”
A simplicidade do resistente antifascista e os inimigos que criou, à esquerda e à direita, davam-no recorrentemente por intérprete de casos anedóticos, como o do dia em que se apresentou na moradia da Rua de São Domingos à Lapa e perguntou em que andar ficava a RTP – e que é provavelmente falso.
Parece que foi ontem, Sábado, 1FEV18
A propósito do desaparecimento de Edmundo Pedro
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